Por: Fernanda Nazário | SES-MT
Dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT) mostram que o registro de casos de tuberculose em Mato Grosso cresceu 18% em 2022, em comparação com 2021, quando foram registrados 1.347 casos da doença. Em 2022 foram, ao todo, 1.588 notificações. Para enfrentar o avanço da doença no estado, a SES alerta a população sobre as medidas preventivas, o tratamento adequado e precoce.
O secretário adjunto de Atenção e Vigilância em Saúde da SES, Juliano Melo, explica que o tratamento da doença dura seis meses e é realizado nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), geridas pelos municípios. A SES recebe os medicamentos do Ministério da Saúde e distribui às Secretarias Municipais de Saúde, que disponibilizam o composto nas UBS, responsáveis pela dispensação aos pacientes.
Em alusão ao Dia Mundial de Combate à Tuberculose, celebrado em 24 de março, o secretário alerta que o paciente que não realiza o tratamento de forma adequada cria resistência medicamentosa, o que dificulta a cura rápida da doença. Para esses casos, ele informa que a SES dispõe de um ambulatório no Centro Estadual de Referência em Média e Alta Complexidade (Cermac), onde o paciente regulado trata a doençs durante 18 meses ou mais, a depender da evolução do caso.
“Aproveito este momento em que o tema está em evidencia para alertar a população e as unidades de saúde a ficarem atentas aos sinais e sintomas. Caso o diagnóstico seja positivo para tuberculose, o paciente deve iniciar o tratamento imediatamente e seguir corretamente as orientações médicas, caso contrário ele pode contaminar outras pessoas, arrastar um tratamento de seis meses para mais de um ano e, no pior cenário, ir a óbito em razão do agravamento da doença”, diz o secretário.
Conforme a técnica da Vigilância Epidemiológica da SES, Lúcia Dias, os sintomas da doença são tosse seca ou produtiva (com catarro) por três semanas ou mais, febre vespertina, sudorese noturna e emagrecimento. Ela ainda explica que a transmissão da tuberculose acontece por via respiratória, pela eliminação de aerossóis produzidos pela tosse, fala ou espirro de uma pessoa contaminada ativa (pulmonar ou laríngea), sem tratamento.
“Entre as medidas preventivas estão manter o ambiente arejado com luz solar e circulação de ar, além de adotar a etiqueta da tosse, que consiste em cobrir a boca com o antebraço ou lenço ao tossir”, pontua a técnica.
Atividade no Cermac
Em alusão ao Dia Mundial do Combate à Tuberculose, o Cermac realizou, na sexta-feira (24.03), um debate sobre o tema, no Ambulatório de Pneumologia Sanitária, referência estadual em assistência ambulatorial para Tuberculose especiais.
Entre os assuntos discutidos durante o evento estão: situação da doença no Estado, fluxograma de atendimento; importância da alimentação no tratamento; acesso aos exames e visita domiciliar; importância da notificação e da adesão ao tratamento.
“Entre 2019 e 2022 nós atendemos cerca de 590 pacientes com tuberculose e resistência medicamentosa. Para ele ser encaminhado para o Cermac, significa que o tratamento na assistência básica falhou, então iniciamos um novo ciclo de remédio por, no mínimo, 18 meses. Por isso é importante o diagnóstico precoce e o tratamento correto da doença”, acrescenta a coordenadora técnica do Cermac, Marinalva de Paula.
Outros serviços
Com objetivo de auxiliar no diagnóstico precoce da doença nas penitenciárias de Mato Grosso, a SES dispõe de uma Unidade móvel de prevenção à tuberculose, adquirida em um termo de cooperação entre a Pasta e a Secretaria Segurança Estadual de Segurança Pública (Sesp-MT). Nos últimos dois anos, o veículo atendeu 1.283 reeducandos e servidores do Centro de Ressocialização (Capão) e do Complexo Penitenciário Ahmenon Lemos Dantas, localizados em Várzea Grande.
O veículo é equipado com material para exame de raios-X e coletas de escarro para análise em laboratório. O caminhão também dispõe de uma equipe que compreende biomédico, técnico em enfermagem, tecnólogo de RX, motorista e coordenadora.
Para melhorar o índice de diagnóstico e prevenir a doença, a Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica da SES realiza trimestralmente o monitoramento dos bancos de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e banco Infecção Latente da Tuberculose (ILTB). O setor realiza ações de vigilância e controle da tuberculose, inclusive com visita técnica in loco, incentivando ações pontuais nos municípios para que a população seja sensibilizada a procurar uma Unidade Básica para consulta e avaliação médica.
Sobre a doença
A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível, causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, também conhecida como bacilo de Koch. Ela afeta prioritariamente os pulmões (forma pulmonar), embora possa acometer outros órgãos e/ou sistemas.
A forma extrapulmonar, que afeta outros órgãos que não o pulmão, ocorre mais frequentemente em pessoas vivendo com HIV, especialmente aquelas com comprometimento imunológico. É uma infecção que pode ser prevenida e curada, mas ainda prevalece em condições de pobreza e contribui para perpetuação da desigualdade social.