15 de novembro de 2024 3:00 AM

Incêndios no Pantanal de MT devastam 20,8% da área do Parque Estadual

Somente em outubro, o parque já perdeu 21.825 hectares de vegetação, o que corresponde a 20,18% da área total.

Foto: Victor Lucas Moreno de Paula

Por Ianara Garcia, Sofia Pontes e Luis Roberto Fileto, TV Centro América

O incêndio que atinge o Parque Estadual Encontro das Águas desde o início de outubro, entre os municípios de Barão de Melgaço e Poconé, teve um aumento de 5,73% em dois dias. Os novos dados foram divulgados pelo Laboratório De Aplicações De Satélites Ambientais – UFRJ (LASA), nesta terça-feira (24).

Imagens de satélite divulgadas pela ferramenta de monitoramento de satélites Sentinel Hub, mostram a destruição causada pelo fogo em um mês de incêndios. Em 23 de setembro, a visão de satélite sobre a área era verde, mas, um mês depois, o cenário observado é de destruição.

O levantamento mostra que, no domingo (22), o Parque registrou 2.225 hectares de área atingida. Na segunda-feira (23) foram 9.075 hectares queimados. Entre os dois dias, houve um aumento de 6,850 hectares queimados, o que corresponde a 5,73%. O fogo já dura mais de 20 dias.

Ainda de acordo com a LASA, somente em outubro, o parque já perdeu 21.825 hectares de vegetação, o que corresponde a 20,18% da área total. A região é a segunda área mais atingida pelo fogo no estado.

Voluntários das ONGs “É o bicho”, “Vida Selvagem”, “Panthera Brasil” e GRAD- Grupo de resgate de animais em desastre, estão em expedição na região atingida. Segundo os voluntários, o cenário é preocupante e o combate ao fogo precisa ser reforçado para preservar vegetação onde os animais possam se abrigar.

“O fogo está se deslocando aproximadamente 500 metros por noite. Estamos no encontro do Rio Negro e Três Irmãos, uma área de concentração de onças. Temos que impedir que o fogo chegue ali. Para isso precisamos de empenho nessa região para que o incêndio não alcance essa área importante para a preservação das onças”, diz a médica veterinária do Grad, Mayara Vicenzi.

O guia turístico e fotógrafo Ailton Lara disse que o fogo está se aproximando da região onde existe uma concentração de onças.

“O fogo tá entrando uma área de concentração de onças do parque e eu não sei o que a gente faz. A gente tá contra o tempo agora. A gente nem vê as equipes de Bombeiros, eles devem estar atuando em outro local, mas a gente nem encontrou com eles”, diz o fotógrafo.

O que dizem os bombeiros?

Em nota emitida na segunda-feira (23), o Corpo de Bombeiros afirmou que cerca de 30 militares permanecem distribuídos em pontos estratégicos ao longo dos Rios Canabu, Cuiabá e São Lourenço para combater o incêndio que atinge o Parque Estadual Encontro das Águas.

Os bombeiros ainda disseram que aeronaves dos Bombeiros e da Defesa Civil fazem o despejo de água para diminuir a intensidade das chamas e aumentar a umidade na região e que a Sala de Situação Central, em Cuiabá, continua com o monitoramento remoto do incêndio com satélites de alta tecnologia para orientar as equipes em campo.

O Parque

Desde o início de outubro, um incêndio atinge o Parque Estadual Encontro das Águas. O fogo teve início no dia 1° de outubro, em uma fazenda vizinha ao parque. o Instituto Centro de Vida (ICV), ressaltou que a situação é grave e que, em 2020, a mesma região teve mais de 90% da área atingida pelo fogo. O fogo já dura mais de 20 dias.

O Parque Estadual ‘Encontro das Águas’ está localizado no encontro dos rios Cuiabá e Piquiri. A reserva tem 108 mil hectares e se pode ver a exuberância do Pantanal bem de perto. O governo do estado explicou que a localidade é conhecida por deter a maior concentração de onças-pintadas do mundo.

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