23 de novembro de 2024 3:54 AM

Sonho antigo da ciência

Foto: Acervo Pessoal

A cura eficaz do câncer é um sonho antigo, que possui um árduo caminho rumo à concretização. Um novo passo foi dado, surgiu outra esperança. Trata-se de uma vacina contra um dos tipos mais comuns de câncer de pulmão, o de células não pequenas, geralmente associado ao uso do tabaco. Ela começou a ser testada em alguns países, em voluntários já acometidos pela doença. Conhecida como BNT116, a vacina é fabricada pela BioNTech e é a primeira que utiliza a tecnologia de RNA mensageiro (mRNA).

O corpo precisa reconhecer aquilo que é seu, próprio de sua estrutura e o que não é, para que então possa atacar e destruir o que não lhe for natural, essa é uma estrategia para que o organismo consiga nos proteger contra invasores sem se autodestruir. As células cancerosas possuem estruturas que não são reconhecidas como naturais, os antígenos tumorais, os quais são reconhecidos pelo sistema imune e atacados antes que o câncer se estabeleça.

Entretanto, os cânceres desenvolveram diversas técnicas para se multiplicarem, bem como, resistir as defesas do organismo fingindo ser uma célula comum da pessoa para driblar o sistema imune. Contra essas artimanhas a ciência, há mais de 10 anos, têm investido nas vacinas. São diversas tecnologias diferentes, como as de peptídeo, mRNA ou DNA, mas que de modo geral, funcionam apresentando ao organismo várias partes das células tumorais, dando assim, as instruções para o sistema imune perseguir e matá-las.

Não é a primeira vez que temos algo assim contra o câncer de pulmão de células não pequenas, como exemplo, a empresa francesa Ose Imunotherapeutics desenvolveu a vacina Tedopi. Ela já passou pela Fase 3 (a última) dos estudos e apresentou uma redução de 41% no risco de morte, em comparação com pacientes que faziam quimioterapia, além de reduzir os efeitos colaterais e melhorar a qualidade de vida. Inclusive, a mesma já esta sendo experimentada no enfrentamento ao câncer de pâncreas e ovário, com estudos avançados na Fase 2.

Os resultados positivos das diversas frentes de pesquisas com os imunizantes, nos mais variados tipos de cânceres, confirmam a importância desse tipo de tecnologia, que agora passa a se juntar com os procedimentos cirúrgicos e as outras medicações, formando um arsenal a ser utilizado no combate.

*WILLER DA CRUZ ZAGHETTO é cuiabano, médico pela UFMT e perito oficial médico legista

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