Dr. Mardem Machado
Estamos no “Maio Roxo”, período de conscientização a respeito de doenças inflamatórias intestinais (DII). O auge da campanha é o Dia Mundial das Doenças Inflamatórias Intestinais, lembrado em 19 de maio.
As doenças inflamatórias intestinais incluem dois tipos diferentes de inflamação intestinal crônica, que são a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa. A principal diferença entre as duas doenças é o local em que acontecem.
A doença de Crohn é uma inflamação crônica que pode acontecer em qualquer parte do tubo digestivo. Ela é mais comum na parte inferior do intestino delgado e intestino grosso. Já a retocolite ulcerativa é uma inflamação que ocorre na mucosa do intestino grosso, acompanhada de diarreia crônica com sangue e anemia.
Os sintomas mais comuns para as DIIs são a diarreia, com pus, muco ou sangue, cólicas, gases, fraqueza, perda de apetite e febre.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), a DII acomete o adulto jovem, entre 20 e 40 anos de idade e, depois, em um segundo pico, entre os 60 e 70 anos, mas pode acometer qualquer faixa etária.
Assim como a retocolite ulcerativa, o diagnóstico da doença de Crohn é feito por um exame de colonoscopia com biópsia, além de outros exames como tomografia computadorizada, ressonância magnética e exames laboratoriais.
O tratamento pode ser realizado tanto com medicação, quanto com cirurgia. Em alguns pacientes é necessário o uso de estomas, que são bolsas coletoras de fezes. Além disso, também uma alimentação balanceada.
A causa do distúrbio é multifatorial. Abrange desde fatores genéticos até o sistema imunológico extremamente amplificado, microbiota (conjunto de bactérias, vírus e fungos que fazem parte do corpo humano) alterada, além de fatores externos, ou ambientais, como conservantes químicos, poluição, estresse, alimentos transgênicos, tabagismo. Fatores a que nós somos expostos no nosso dia a dia e que trazem um agravamento, na medida em que o país se desenvolve e se industrializa.
Como se trata de uma doença autoimune, o importante é ter o diagnóstico precoce, uma vez que as doenças oscilam entre períodos de crise e de acalmia, ou calmaria. Esse tempo é individual em cada paciente. Muitos têm a doença, os sintomas, e depois ficam bem rapidamente. Isso vai, às vezes, atrasando o diagnóstico. Muitas vezes são tratados como virose porque os principais sintomas são dor abdominal, cólica, diarreia.
Quando isso acontece, o desfecho pode ser desfavorável para o paciente, porque deixa tempo para a doença progredir e trazer uma disfuncionalidade do órgão, que é consequência da evolução da doença. Trabalhar com diagnóstico precoce é muito importante.
Atualmente, o que se pode fazer para melhorar o quadro desses pacientes é ter uma vida saudável, com boa alimentação, longe de alimentos ultraprocessados, praticar exercícios, evitar o tabagismo, controlar a obesidade desde a infância. E dos sintomas, procurar um especialista para que, diante do diagnóstico, o tratamento tenha sucesso.
*Mardem Machado é coloproctologista, integra a equipe da Clínica Vida Diagnóstico e Saúde, é diretor do IGPA e Coordenador da Residência Médica de Coloproctologia do HUJM